Discordo quando me dizem que técnico não ganha jogo. Em muitos casos, sim. E ganham durante a semana, nos treinamentos, nos fundamentos e extraindo o que há de melhor de cada atleta. Alguns amigos dizem que técnico representa no máximo 15% da equipe. Às vezes representa bem mais. Às vezes não representa nada.
Vejamos o técnico do América, Givanildo de Oliveira. Pegou o América cabisbaixo, fraco e ruim. Em pouco tempo, ainda que não tenha conseguido livrar o Coelho do rebaixamento, fez com que a equipe jogasse em muitos casos, de igual para igual com os chamados grandes do futebol brasileiro. Givanildo é sim um grande treinador, profundo conhecedor de futebol e só não salvou o América da degola, por muito pouco. Mais três rodadas, sei não!
Cuca pegou o Atlético em frangalhos. Completamente desacreditado, com apenas 15 pontos em 18 jogos, era seríssimo candidato ao rebaixamento. Em pouco tempo, enxergou as deficiências do time e com duas contratações (Pierre e Carlos César), montou uma base e salvou o alvinegro da degola.
Telê Santana era o técnico que mais fazia diferença em seus times. Sério, profissional ao extremo, se metia sim na vida particular dos seus comandados, ensinando-lhes que o sucesso era passageiro e que deveriam construir uma vida dentro e fora do futebol. Pão duro, detestava ver seus atletas esbanjarem dinheiro. Foi o melhor treinador que vi até hoje.
Agora, técnico também serve de enfeite. Dou o exemplo do Tite do Corinthians. Reclamou com o Felipão o famoso "fala demais", mas bem que o Felipão poderia ter devolvido o "fala nada". Convenhamos, se fosse um treinador um pouquinho melhor que o Tite, o Corinthians teria ganho o campeonato com duas ou três rodadas de antecedência. Ele, Tite, foi 0% no Corinthians. A sorte, foi ter um elenco comprometido e de muita qualidade e em quantidade.
Meu pai me falava que o Galo de 1977 não precisava de treinador. Era só distribuir as camisas. É claro que existia o trabalho do Barbatana, mas um time com Reinaldo, Cerezo, Marcelo & cia, não dependia tanto do técnico assim. Basta ver os resultados de todos os jogos do Galo em 77.
O que eu não concordo é com a valorização excessiva do técnico de futebol. Não sei o salário do Guardiola, mas acredito que ele ganhe até menos que alguns técnicos brasileiros. Alguns ganham fábulas e não mostram resultados compatíveis com seus salários. Que o diga, Vanderlei Luxemburgo no Galo, ano passado.
De certo mesmo, é que nunca vamos saber qual o percentual exato da participação de cada técnico em seu clube. Nem quando ganha e muito menos quando perde.
De certo mesmo, é que há tempos, mundo gira, bola rola, são sempre os mesmos rodando Brasil afora!